Panoramas das amizades atuais

Postagem : 4 de maio de 2020

A expressão “O homem é um animal social” do filósofo grego, Aristóteles, significa que o homem é um ser com a necessidade de vínculos sociais. Nesse sentido, percebe-se que as amizades são importantes formas de suprir essa vontade involuntária. Tais laços afetivos vêm-se alterando no decorrer do tempo, principalmente, pelo advento das redes sociais. Estas possuem a paradoxal capacidade de afastar os indivíduos dos que estão ao seu redor e aproximar os que estão distantes. Sendo assim, esse novo modo de interação deve ser analisado, tanto pela efemeridade de grande parcela dos “web-relacionamentos”, quanto pela habilidade de manter e criar laços.

Primeiramente, é fato que o ser humano busca ser aceito, em comunidades sociais, para desenvolver sua autoestima e o trabalho em equipe. Entretanto, o processo de adquirir vínculos e amizades se tornou, na pós-modernidade, um ato vazio, que pode ser resumido, por meio dos números, nas redes sociais. Grande parcela dos “amigos” virtuais são apenas conhecidos, ou até mesmo desconhecidos que se identificam com o conteúdo publicado em determinada página social. De acordo com o escritor brasileiro, Machado de Assis: “Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante. A amizade sente-se, não se diz”. Nessa perspectiva, nota-se a forte presença do tráfico de relações frívolas na atual sociedade.

Em contrapartida, vale ressaltar que, com o advento das novidades tecnológicas, as distâncias geográficas não mais impedem o contato entre as pessoas. A internet possui a habilidade de convergir indivíduos, mantendo laços que seriam rompidos devido ao distanciamento destes. Para o filósofo alemão, Immanuel Kant: “A amizade é semelhante a um bom café: uma vez frio, não se aquece sem perder bastante do primeiro sabor”. Nesse panorama, embora as redes sociais não possam trocar o “calor humano”, elas podem manter os corações de amigos aquecidos. Outrossim, o “web espaço”, por possuir caráter liberal e democrático, possibilita a expressão de ideias e gostos. Desse modo, os usuários podem aderir às comunidades que compartilhem com seus ideais e formar amizades.

Diante desses fatos, visando fortalecer e criar amizades, a Secretaria da Cultura, em parceira com o MEC (Ministério da Educação), poderia promover conferências sociais. Isso pode ocorrer, por exemplo, com um evento de encontro de “web amigos” em um local fornecido pelo governo. A presença do MEC nesta reunião seria de cunho informativo, conscientizando as pessoas sobre a necessidade de um equilíbrio, entre o contato virtual e o real, além de instruir pais e mães sobre a necessidade de supervisionar o contato dos filhos com estranhos via web. Sob esse viés, espera-se que a sociedade saiba valorizar as amizades e fazer bom proveito, possuindo amizades reais, apesar de virtuais.

Autor: Bruno Dias. Aluno do Centro de Escrita Regina Magalhães

Tema: As amizades virtuais substituem as da vida real?